2 Timóteo 1.7
verdadeiros inimigos da família não são a televisão, com seus espetáculos e valores, nem o estilo de vida contemporâneo, que nos empurra para o individualismo e consumismo. Os verdadeiros inimigos da família estão na própria família. Como o título daquele filme, é como se dormíssemos com o inimigo.
Tendemos à autovitimização, seja no plano pessoal (somos sempre vítimas de algo, seja da falta de solidariedade e de interesse em nossas vidas por parte dos outros), seja no plano familiar (nossa família não vai bem porque as pressões externas são fortes demais...)
No entanto, nossos piores inimigos somos nós mesmos, com nossos pensamentos e gestos. De igual modo, os piores inimigos da família são pensamentos e gestos cujos autores estão na própria família. Não que não devamos considerar os inimigos externos, que não são poucos, mas que eles são externos e, como tais, são secundários.
2. Os inimigos
2.1. Inimigo nº 1
— SUPREMACIA DO PRINCÍPIO DO PRAZER SOBRE O PRINCÍPIO DO DEVER
O princípio do prazer é próprio dos pequenos. É pequena a família (ou os membros da família que...) que está escravizada ao princípio do prazer (em que todo mundo quer apenas as coisas boas do relacionamento, como o marido ser acordado carinhosamente pela esposa, como o filho ser despertado com o café da manhã na cama, como pai ter o sapato tirado dos pés pelo filho...). Grande é a família que sabe que o dever é essencial para a convivência e para sobrevivência (na divisão do trabalho, na obediência, no cuidado com o outro, no ouvir a música numa altura individual e não numa altura coletiva, etc.).
Viver apenas sob o princípio do dever é algo falso, obsessivo e opressivo. Mais dia, menos dia, a família vai implodir.
Os princípios do prazer e do dever devem estar em sintonia.
2.2. Inimigo nº 2
— CONFUSÃO DOS VALORES QUE SÃO DE BAIXO COM OS VALORES QUE SÃO DO ALTO
De tanto sermos habitados pelos valores de baixo acabamos confundindo-os com os de Deus, como na frase "a voz do povo é a voz de Deus". Passamos a achar tudo normal, até os desvios (como comportamentos que a Bíblia tacha de imorais). Passamos a achar tudo natural, até os absurdos (como um estilo de vida consumista, ditada pelos modismos).
Como somos deste mundo, vivemos segundo os valores deste mundo. No entanto, não podemos esquecer os valores do alto (Cl 3.1), que são mais altos do que os deste mundo. Este Aqui está o problema central de nossas famílias. O apóstolo Paulo aplica estes valores também ao plano familiar. (Recomendar a leitura, em casa). Estes valores nos devem habitar.
2.3. Inimigo nº 2
— PREDOMÍNIO DA EMOÇÃO SOBRE A RAZÃO
O predomínio da emoção sobre a razão faz da família uma antecipação do inferno.
Com ele, vem, por exemplo, o predomínio do corpo sobre o espírito.
Vida familiar saudável é aquela que considera as duas dimensões da vida. Devemos nos indignar um com o outro, mas devemos ter a mesma pressa em pedir perdão ao outro.
3. ARMAS PARA GUERRA PELA PAZ NA FAMÍLIA (2Tm 1.7)
A derrota destes inimigos constitui-se numa verdadeira guerra. Para ela, podemos dispor de três armas, que são dons de Deus:
3.1. Poder
— capacidade de fazer, de mudar, se queremos. O poder é fruto da oração. / É Deus que nos dá poder. E ele quem nos fortalece (nos dá força, nos dá poder).
O poder é a arma que devemos usar para fazer com que em nossas famílias os princípios do prazer e do dever vivam em harmonia.
3.2. Amor
— os fins não justificam os meios, mesmo quando queremos o melhor para nossa família. Se o amor ficar de lado, nada importará. Nós temos a capacidade de amar. Esta capacidade pode ter estar obliterada pelas experiências dolorosas que vamos acumulando... Mas se a chama do amor não foi apagada... Numa família cristã a chama do amor não pode se apagar. Se apagar, pode ser uma família, mas não uma família cristã. / O amor é um sentimento a ser aprendido e desenvolvido. A gente nasce amada, mas não nasce amando. Tem que aprender. Se temos esta disposição, Deus nos fortalecerá o amor, se deixarmos que ele o fortaleça. O amor é um sentimento doado por Deus. Qualquer amor que não provém de Deus não tem força para se desenvolver e para mudar as coisas que devem ser mudadas.
O amor é a arma que devemos usar para não confundirmos os valores deste mundo com os valores do céu.
3.3. Moderação
— sem alarmismo, sem conformismo diante da sociedade, mesmo diante das mudanças. Não adianta ter saudade do tempo em que todos almoçávamos juntos... Este tempo, se algum dia houve, não volta mais. / Moderação é sabedoria de vida... Se a pedirmos a Deus e fizermos a nossa parte, nós teremos sabedoria (e, com ela, moderação) para viver. Moderação é o dom de Deus.
O amor é a arma que devemos usar para vivermos equilibradamente nossas dimensões emocionais e racionais.
4. CONCLUSÃO
Não estamos sozinhos nesta guerra. Reconheçamos nossas armas. Utilizemos nossas armas. Vençamos nossos inimigos, inimigos que nos habitam.
Fonte/ Prazer da Palavra
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