terça-feira, 3 de agosto de 2010
A DIFICIL ARTE DE REGER UM CASAMENTO
Sempre fui apaixonado por música. Toquei trompete na adolescência, regi coral na minha juventude, ousei cantar em vocais de jovens e até em madrigais. A paixão pela música me fez determinar que me casaria com alguém que tocasse instrumento. Não deu outra: casei-me com uma pianista.
Temos piano em casa. Não poucas vezes nos deixamos levar pelos ensaios em nossa sala. São momentos que me fazem lembrar os dias de confete quando, ainda solteiro, deixava-me seduzir pelas mãos pequenas e habilidosas do meu amor deslizando as teclas do piano. Aqueles tempos se eternizam a cada ensaio de hoje.
Em um destes nossos momentos, ouvi minha esposa recusar um elogio - quando eu disse que ela canta bem (e Canta, mesmo!). Eu disse a ela que negar este fato seria negar o talento que Deus a entregou. Tal estímulo ajudou muito a minha esposa em sua desenvoltura à frente do louvor na igreja.
Embora tenha todo este apreço por música, de vez em quando me flagro desafinado quando o assunto é ser atencioso. Já perdi momentos preciosos por conta disso. É nesta hora que deixo de reger e minha esposa assume a batuta: a preocupação dela é que minhas desatenções possam gerar frutos podres no contexto de meu ministério. Permito-me à correção.
Não posso negar a necessidade de ter ao meu lado alguém dotada desta habilidade de examinar meus atos. Estaria perdido sem minha esposa, admito! Ela sempre foi um braço decisivo no meu ministério.
Pode parecer poético demais o que estou tecendo nestas linhas, mas devo assegurar que não se trata de historieta. Realmente tenho em casa alguém que me afina quando estou fora do tom - e não são poucas as vezes que isso ocorre.
Não são todas as esposas que conhecem de música, mas devo arriscar que todas elas têm um talento maestro. O homem desafina quase sempre no campo das emoções e carece de esposa que lhe ajuste, desde que seja esposa virtuosa. Mas há outros momentos em que o homem é quem deve exercer esta função. Na regência da casa, o marido deve governar com maestria.
O problema, neste contexto, é que alguns cônjuges se negam à correção, principalmente o homem! - É difícil admitirmos que destoamos, vez por outra. É que os homens pensam que nunca erram: no máximo, se enganam. Aí, aceitar a regência feminina é quase uma questão de somenos. É aí que se faz necessária a virtuosidade da mulher para fazer o homem entender que ninguém é perfeito. O casamento é realmente um lugar maravilhoso para esta exposição!
Não há alguém desprovido de talento. Não há marido, não há esposa. Valorizar este talento é contribuir com a própria estruturação da casa. É permitir que haja simetria, é conduzir o lar em harmonia. Se for preciso submeter-se à correção, que assim o seja. O reconhecimento do erro é o primeiro passo para uma execução musical perfeita.
Por Aécio Ribeiro
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